Alerta ao Consumidor: O Que a Nova Lei de Garantias Significa para Seu Financiamento
- Montini e Ponce Sociedade de Advogados
- há 22 horas
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Alerta ao Consumidor: O Que a Nova Lei de Garantias Significa para Seu Financiamento
A recente Lei nº 14.711/2023, conhecida como "Lei de Aprimoramento das Garantias", trouxe mudanças importantes que afetam diretamente quem financia imóveis e veículos. Estas alterações podem impactar sua vida financeira e o destino do seu bem em caso de dificuldades para pagar as parcelas. Vamos entender, em linguagem simples, o que mudou e como você pode se proteger.
Esta lei afeta principalmente financiamentos com alienação fiduciária, modalidade em que o próprio bem fica como garantia e a propriedade só passa definitivamente para você após a quitação total. As regras podem ser diferentes para outros tipos de garantia, como hipoteca.
Financiamento de imóveis: o que você precisa saber agora
Atenção ao atraso de parcelas!
Mudança importante: Agora, o banco pode considerar todo o contrato vencido com o atraso de apenas uma parcela. Antes, geralmente era necessário um número maior de parcelas em atraso.
O que isso significa para você:
O processo de retomada do seu imóvel pode começar mais rapidamente
Mesmo um único atraso pode colocar seu imóvel em risco
Os bancos têm mais poder para exigir o pagamento total da dívida antecipadamente
Dica prática: Se estiver com dificuldades, procure o banco ANTES de atrasar o pagamento. Negocie condições especiais, como carência ou renegociação.
Como você será notificado em caso de atraso
A lei estabelece que você deve ser notificado:
Pessoalmente, por um oficial
Com prazo de 15 dias para quitar as parcelas atrasadas
Por e-mail, se você tiver informado um endereço eletrônico no contrato
Atenção: Se você não for encontrado no endereço informado, a notificação será feita por edital (publicação em jornal) e o processo continua mesmo assim!
Dica prática: Mantenha seus dados de contato sempre atualizados junto ao banco. A lei considera sua responsabilidade informar mudanças de endereço.
Proteção especial para sua casa própria
Se o imóvel financiado for sua residência de moradia e única residência, você tem algumas proteções:
Você pode regularizar o financiamento pagando as parcelas atrasadas até o momento em que o banco registra a propriedade do imóvel em seu nome
Sobre o processo de leilão: É importante entender o processo completo:
Após a notificação e não regularização, seu imóvel irá a leilão (primeiro e segundo leilão)
Se houver arrematação no leilão:
Caso o imóvel seja arrematado por valor igual ou superior ao da dívida, você receberá o que exceder o valor devido
Se o imóvel for arrematado por valor inferior à dívida, o saldo remanescente dependerá do tipo de contrato e das condições específicas do seu financiamento
Para imóveis residenciais que sejam a única moradia, há condições especiais que podem extinguir o saldo remanescente em determinadas situações
Se não houver compradores interessados em nenhum dos leilões, o banco fica com o imóvel
Apenas neste caso específico (sem compradores), sua dívida será considerada quitada, mesmo que o valor do imóvel seja menor que o saldo devedor
Atenção: Você ainda perderá o imóvel, todo o valor já pago nas parcelas anteriores e terá registro de inadimplência, o que afetará seu crédito futuro
O que isso realmente significa:
Esta proteção evita que você fique sem o imóvel E ainda com dívidas para pagar
Não é uma "saída fácil" – você ainda perde o imóvel e seu investimento
A melhor opção sempre é negociar com o banco antes de chegar a este ponto extremo
Financiamento de veículos: processo mais rápido de retomada
Mudança preocupante: A retomada de veículos ficou mais rápida e pode acontecer sem passar pela Justiça.
Com a nova lei:

O banco pode solicitar diretamente a busca e apreensão do seu veículo
Empresas especializadas podem ser contratadas para localizar e recolher o veículo
Após a apreensão, você terá apenas 5 dias úteis para pagar toda a dívida e recuperar o veículo
Dica prática: Redobre a atenção com as parcelas do financiamento do seu veículo. O processo de retomada ficou muito mais ágil.
Como se proteger com as novas regras

Priorize o pagamento das parcelas de financiamentos: Com as novas regras, atrasar parcelas de financiamentos de imóveis e veículos tornou-se ainda mais arriscado.
Crie uma reserva de emergência: Tente guardar pelo menos o valor de 3 a 6 parcelas para usar em momentos de dificuldade financeira.
Atualize seus dados de contato: Informe ao banco qualquer mudança de endereço, telefone ou e-mail para receber notificações importantes.
Negocie antecipadamente: Ao primeiro sinal de dificuldade financeira, procure o banco para negociar. Não espere atrasar.
Leia o contrato com atenção: Verifique especialmente as cláusulas sobre inadimplência e vencimento antecipado antes de assinar.
Guarde todos os comprovantes de pagamento: Mantenha-os organizados pelo menos até a quitação do financiamento.
Conheça seus direitos: Em caso de imóvel residencial, você tem proteções especiais que podem evitar dívidas após a perda do imóvel.
O que fazer se já estiver com parcelas em atraso
Não ignore as notificações: Responda às comunicações do banco e compareça quando solicitado.
Busque renegociação: Apresente uma proposta realista de pagamento, considerando sua capacidade financeira atual.
Verifique programas de auxílio: Alguns bancos oferecem programas especiais para clientes em dificuldade financeira.
Considere a venda do bem: Em alguns casos, vender o bem por conta própria pode ser mais vantajoso do que perder para o banco.
Procure orientação jurídica: Em caso de notificação de retomada, consulte um advogado especializado para entender suas opções.
Conclusão
A nova lei trouxe mudanças que favorecem os bancos e instituições financeiras, tornando mais rápida a retomada de bens em caso de inadimplência. Para o consumidor, isso significa que é preciso redobrar os cuidados com o pagamento das parcelas e agir rapidamente ao primeiro sinal de dificuldades financeiras.
É importante saber que o processo de retomada, seja do bem que for:
Afeta seu histórico de crédito, dificultando financiamentos futuros
Pode resultar na perda de todo o valor já pago pelo imóvel
Gera custos adicionais com taxas processuais e honorários
Pode ser evitado com negociação prévia e planejamento financeiro adequado
Lembre-se: a melhor proteção é a prevenção. Planeje seu orçamento para garantir o pagamento das parcelas e, diante de qualquer dificuldade, busque negociação imediata com a instituição financeira.
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